intoxicação
se eu por algum acaso sobreviver ao soterramento que me mantém entre os livros, e só eles, depois eu quero escrever sobre os momentos. lefebvre tinha razão. a vida muda em segundos, quando você pergunta algo e ouve a resposta mais improvável, aquela cena que você imaginou jamais acontecer, e vai se desenhando na sua frente. não há arrebatamento igual, quando você se dá conta que a ordem geral das coisas vai impactar pra sempre a sua vida, e só por causa daquele frágil segundo - uma única fração do instante- que, não obstante, se torna tão definitivo a ponto de te lembrar a morte de quem você tanto amava, as pessoas que se foram, se desfazendo no infinito, gente que você nunca mais verá, de quem nunca mais terá qualquer notícia, rostos que também não mais verão seu sorriso de felicidade ao reencontrá-los. por isso é que eu ainda preciso escrever, pois, como tudo na minha vida é teoria, eu sei uma sobre a espontaneidade, sei até a sua imperiosa lei e foi Lênin quem disse ( por que aqui no fundo do meu lugar soterrado, eu sei de cor as frases dos outros):"quando os homens não podem mais e não querem mais viver como viviam".
Comments
na condição de quem está de passagem, nada me resta a não ser me encantar... é a única coisa que me segura, pelo pouquinho que seja, e me faz querer ficar ainda mais.
ao final, não acho não. pode parar de ir inventando que o universo é determinado. me encanto com o que, justamente, estava fora do script, como seu texto até a metade, quando vc se revolta, furiosa. não acredito que em sua vida tudo seja teoria.