lua cheia atravessando o parque para a casa daquele estranho chamado veras


o telefone tocou no fim do dia, eu tinha voltado. você me disse que estava tão queimado de sol que não podia aguentar outra mulher. bem, era a minha senha, eu que não usava mais alianças invisíveis. outro dia, olhando sua estante, uma surpresa amarga, reconheço de longe os abismos e a despedida. uma capa de livro marcada pelo trajeto, a foto do Lefebvre que eu gosto tanto, a ausência e o tapete iraniano na sua sala. nenhum vestígio do cotidiano a mais. nenhuma lágrima. só adeus.

Comments

Anonymous said…
escrever muda tudo... acho que me lembro menos de algum fato de minha infância do que da lembrança da lembrança da lembrança dele. aposto nisso e toco para frente. bjão do otavio.
Belissimo! Pequeno texto, riquissimo de figuras, despertando um universo de sentimentos. O extraordinario eh que ha uma distancia em tudo, um never-touching, mas o texto ajunta: desde o sol que qeima mas nao toca, a distancia que queimaduras pedem, o olhar que rastreia o vazio da ausencia. E logo quando o fato principal foi desvencilhar-se do invisivel: as aliancas! Lindissimo.
Escrever poemas seria uma forma de transformar a dor em algo sublime?
Sublime!

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