a falta que faz uma tradução

escolho livros pelo formato, um que me caiba bem nas mãos, o cheiro ácido e doce do papel. leio knut hamsun em duas versões, já que nem vou me aventurar pelo alemão (de resto, uma tradução do norueguês. aí também, vai  um pouco além da conta. Oslo será uma das últimas cidades que vou conhecer na vida...) o fato é que uma das traduções foi feita pelo C. Drummond de A., e a edição é horrorosa. o outro não: um tradutor relativamente desconhecido, mas o livro, fininho, maleável, as letras minúsculas, os parágrafos em espaço um. só que era drummmond, e isso não se despreza nunca.

a descrição do outono:
" começa a mergulhar em letargia todas as coisas. moscas e outros seres pequeninos sentiram-lhes os primeiros golpes.lá em cima, nas árvores, e cá embaixo, na terra, percebe-se o rumor da vida obstinada, fervilhante, sonora, inquieta, lutando para não perecer. no mundo dos insetos, todas essas breves existências se agitam uma última vez. ... o sopro ligeiro do primeiro frio perpassou sobre as plantas, e cada uma delas guardou um sinal diferente. talos de erva, desbotados, eriçam-se contra o sol; folhas ressecadas rolam por terra com o chiado de uma procissão de uma procissão de bichos-da-seda. É a sazão outonal, em meio ao carnaval da efêmera duração."

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