cheiro de tangerina nas mãos

café da manhã de domingo, tentando esticar o dia. casa de tia, só isso é que sou hoje: o quarto das meninas parece um acampamento, tive de gravar ( a insistentes pedidos) um dvd do snow patrol, ouví-las dizer que nem escutam oasis, pelo amor de deus pra eu trocar o som da manhã, "se pelo menos fosse the cure". o que é isso? minhas sobrinhas, the cure aos doze anos, a essa altura do século? desde pequenas elas são um caso à parte com música. um dia - a teo nem tinha nascido, elas tinham seis e sete anos - levei-as comigo pra uma reunião no campus, elas desenhavam meninas tocando guitarra no quadro de giz; na volta tentava sintonizar uma estação de rádio no meio de um mega engarrafamento e escutei da vic: "tia, não tem jeito, você está fora do pop".
troquei as frutas, numa tarefa impossível: convencer duas adolescentes a prová-las, dando graças que por enquanto ainda consigo fazer teodora me obedecer. então nada de sabores,sumos ou texturas estranháveis. bem, comer fruta, a bem da verdade, significou um gomo de mexerica pra cada uma das três. mas o aroma impregnou minha cozinha, misturou-se com as tomadas de paris no video do...snow patrol. um dia elas descobrem outros gostos - o futuro tem um jeito esquisito de salvar a si próprio.