Polish your nails

Outro dia muito chuvoso, tem algo errado por aqui: o céu plúmbeo não me liberta, not as usual. São os edifícios muito altos, mas não altos o suficiente, as ruas pelas quais eu ando, mas não sopra nenhum vento. Tenho de ler cadernos antigos, contudo, não sinto mais o sangue que corria naquelas veias, tenho de encontrar o que tanto escrevi ali. Hoje de madrugada troquei definitivamente o canal da minha tv. Vou passar um tempo vendo filmes alemães e anônimos, sempre começo a vê-los dois minutos depois do ínicio. Não importa. Mergulho. Outro cotidiano, outra europa e seu requinte envergonhado. Eu, aqui, prestando atenção em quanto trabalho está investido em pintar unhas francesas. Quase chega a ser incoerente que unhas pintadas sobrevivam em mãos que trabalham: parecem um fóssil, um ser vivente numa era longínqua em que o esporte era a dissimulação e uma tarde inteira sem fazer nada, absolutamente nada. Cortes barrocas na Europa, escravos negros e índios insurretos no Brasil.